Archive for June, 2011

A recente série de notícias ruins – parte 2

A cultura indígena, que o Estado e os antropólogos usam convenientemente para criar entraves para a pregação do Evangelho, se desmorona diante da imposição da ideologia do controle da natalidade e vacinas.

No final do século XIX, a moda em alguns lugares da Europa era ter, nos zoológicos, um espaço para a amostragem de uma exótica espécie: os índios.

Com o progresso da antropologia, os espaços indígenas dos zoológicos foram abolidos, para dar lugar aos zoológicos humanos em seu próprio habitat. Esqueça a antropologia guiada pelos princípios racistas e eugênicos do nazismo. A antropologia moderna avançou muito mais, distanciando-se de alguns elementos do extremismo estatal nazista (que significa nacional socialista), mas abraçando o extremismo estatal socialista, tão anticristão quanto o nazista.

O que muitos chamam hoje de cultura indígena é nada mais do que cultura estatista, ou cultura tutelada pelo Estado, onde os índios, por determinação dos governantes e dos caprichos de suas leis, enfrentam grandes dificuldades para ter acesso ao Evangelho de Jesus Cristo, mas têm enorme facilidade de acesso aos métodos de controle da natalidade e vacinações, imponentes símbolos modernos da intrusão estatal na vida das pessoas.

A cultura indígena, que o Estado e os antropólogos usam convenientemente para criar entraves para a pregação do Evangelho, se desmorona diante da imposição da ideologia do controle da natalidade e vacinas. Através de uma engenhosa intervenção estatal, as empresas farmacêuticas e sua ideologia de ganancia têm uma liberdade de penetração em tribos indígenas que nenhum missionário cristão ousaria sonhar.”

Tinha de ser. Tinha de ser. Tinha de ser. TINHA DE SER A TURMA DO VILÓSOFO.

A série de bobagens com interpretações francamente forçadas e uma completa idiotia (do grego idios – fechado em si mesmo) me deixa até meio assim de criticar esse treco. Por onde eu começo?

Como estou sem tempo, vou deixar vocês só com a mais divertida:

1) Nazismo = nacional socialismo

2) Hmm… socialismo…

3) Logo, nazismo = socialismo.

4) Ora, socialismo = esquerda.

5) Logo, nazismo = esquerda.

Q.E.D.

Bach: Partita nº 4 em Ré, BWV 828, por Glenn Gould

Estava faltando Bach no coração neste blog. 😀

Caiu da cama e machucou a testa

Numa antiga história da Turma da Mônica, a dita-cuja e sua mãe brincam de apresentar programas de televisão em casa mesmo. A finalidade era convencer o pai a levar o televisor para consertar – coisa que, visivelmente, ele estava enrolando para fazer.

Um dos programas era um telejornal, e elas diziam:

– O ministro da Fazenda caiu.

– Caiu da cama e machucou a testa.

Pois é, como Mônica e sua mãe já tinham nos avisado, Palocci machucou a testa. Embora como ministro da Casa Civil – mas a piada é quase perfeita, pois ele também caiu como Ministro da Fazenda em 2006.

O Vinicius, comentando o post anterior, usou uma boa expressão: Palocci tinha um telhado de vidro. Mas não é nem no catastrófico caso Francenildo que estou pensando. É porque lembro bem de que sempre rondaram boatos acerca do envolvimento de Palocci em corrupção – mais especificamente, relacionados à sua gestão como prefeito de Ribeirão Preto.

Some-se a isso que, desde Lula, o ministério da Casa Civil é um cargo sobremaneira e especificamente visado. Se o sujeito aprontou alguma coisa, ainda mais se for do PT, ela vai aparecer. Observação: “Ainda mais” porque boa parte da mainstream mídia opõe-se francamente o PT, o que significa um batalhão de gente a mais procurando pêlo em ovo. E, eventualmente, achando.

É até uma questão de probabilidade: Se tiver 1% de jornalistas investigativos competentes, a maior chance é de que ele esteja trabalhando para a mídia mainstream.

Sem contar que às vezes tem gente do próprio partido de olho naquele cargo. Ou, pelo menos, não querendo deixar o inimigo permanecer lá. Por exemplo, o mesmo Hugo hipotetiza que Rui Falcão pode ser um dos que estão por trás disso.

Vejamos: Com Dirceu, acharam o Mensalão. Com Erenice, o até hoje mal explicado tráfico de influência. Com Dilma, nada. Assim, eu imaginei que, até pela experiência própria, Dilma fosse escolher um nome acima de suspeitas, pelo menos para a Casa Civil. E ela põe justamente alguém sobre quem, como disse, rondavam boatos de corrupção. Que só ganharam substância com o caso Francenildo.

Tudo bem que Palocci é competentíssimo. Isso, creio, está acima de dúvida. Mas botar o cara num cargo desses, em razão do qual sua vida será inteiramente devassada, sem se certificar antes de que está tudo limpo, foi um erro grave. Grave porque, pelas circunstâncias, era razoavelmente previsível. Agora, o governo paga por isso.

E a sociedade também, pois o “custo Palocci” custou-nos batalhas caras como o kit anti-homofobia e, quem sabe, até o Código Florestal. Isso sem contar outras articulações de bastidores cujos efeitos ainda estão por aparecer. Nesse sentido, a queda de Palocci é mais do que bem-vinda. Pelo menos por enquanto, o governo não vai precisar fazer concessões excessivas (lembrando que concessões são parte do jogo democrático).

Quanto à substituta temporária, Gleisi Hoffmann, eu nunca tinha nem ouvido remotamente falar. E creio que não sou só eu. Mas, pelos meus próprios argumentos, isso traz bons augúrios. Pode ser que a alta cúpula do PT tenha estado, justamente, devassando “casaciviláveis” para ver quem tinha ficha limpinha. Daí, caíram fora montes de nomes famosões, sobrando só a Gleisi.

Torçamos para que tenha sido assim. Não custa repetir: um escândalo desses é ruim para todo mundo. Enquanto dura, o governo perde tempo; o Congresso desvia o foco; a sociedade perde batalhas. E teria o lado bom de recuperar a boa fama das mulheres na Casa Civil, conspurcada por Erenice Guerra, que fez o favor de pisotear o que a própria Dilma tinha construído.

Perdoem-me a prolixidade, mas é a última consideração: a movimentação inclusive na oposição para barrar investigações contra Palocci parece-me um forte indício de que, no mínimo, tem muita coisa por trás da evolução patrimonial de Palocci. O cara deve ser um arquivo vivo. Acho até que o que o mantém como “vivo” é que tem muito mais gente interessada nele assim do que, com o perdão do trocadilho infeliz, como arquivo morto. Esta frase que vi no Twitter resume espetacularmente: “Palocci caiu em 2006 por violar sigilo fiscal — de um pobre. E agora cai por manter sigilo — de ricos.” (FAngelico)

A recente série de notícias ruins, parte 1 – Mau humor

As últimas notícias têm me deixado de péssimo humor.

I)

Começa que, como notou o Alon, a Dilma realmente não me vingou lá na China. Droga. E, como o Sakamoto não cansa de denunciar, o progresso a todo custo está massacrando o Norte do país. Agora, com o pretexto do cronograma da Copa e das Olimpíadas. Sem contar a omissão governamental em relação às sistemáticas expulsões de populações indígenas por criminosos do agronegócio, quando não assassinato mesmo, inclusive do movimento extrativista.

O governo vem mantendo uma certa coerência danosa: direitos humanos são centrais no discurso, mas não na prática, principalmente quando envolve parceiros comerciais e construção de infra-estrutura de desenvolvimento – hidrelétricas, obras para a Copa etc.

Quanto à recusa em receber a Nobel da Paz, mantenho um certo agnosticismo. Como a própria matéria diz (mas meio escondido), o governo não tem recebido qualquer dos lados. Mas mesmo isso está longe do ideal. Se direitos humanos são mesmo tão centrais, a presidente Dilma deveria era receber apenas o lado dos oposicionistas e mandar a turma pró-Ahmadinejad comer capim. Afinal, se ela pode ir a outros países tratar só de negócios e ignorar os direitos humanos, por que os outros países não podem fazer essa “gentileza” conosco?

II)

Palocci foi pego de calça curta com uma mega evolução patrimonial. Que só tem ficado problemática em vista de suas respostas que mais escondem do que mostram. Com direito a uma horrorosa comparação com antecessores do governo FHC. Achei isso um péssimo movimento político. Acaba trazendo para a questão a rivalidade PT x PSDB, provavelmente só para jogar fumaça. Ou seja, manobra evasiva. Só que quem não deve, não treme.

Por outro lado, se sua evolução foi ilícita, porque ele a declarou no Imposto de Renda? Talvez para esconder evoluções ainda mais astronômicas?

Tendo em vista a movimentração do governo, parece que tem a ver com qualquer coisa de escusa.

De qualquer maneira, como nota o Hugo, isso só traz à tona um problema mais fundo, relativo à democracia que queremos e como ela se adapta ao capitalismo: “não é o fato de [ex-membros do alto escalão] deixarem o cargo que apaga o conhecimento que eles tinham sobre detalhes estratégicos do funcionamento do Estado, o que, nas mãos de particulares, podem produzir efeitos gravíssimos contra a coletividade.”

III)

Lá no STJ, foi proferida uma medonha decisão, permitindo que um banco se limite a ter apenas a acessibilidade prevista na ABNT. Quer dizer, dane-se a Constituição. Como dizia um professor, “na sua vida profissional, você vai ter de decidir se a Constituição vale alguma coisa ou não. Parece óbvio, mas não vai ser.” Nesse caso, a 4ª turma do STJ decidiu que a Constituição não vale. Decidiu que a norma técnica prevalece. Norma que, aliás, nem tem essa pretensão, e cuja finalidade certamente não é limitar a acessibilidade.

Torçamos para que as outras turmas destoem, pois as orientações do STJ, como em qualquer tribunal, oscilam ao longo do tempo. Com o tempo, talvez a própria Ministra se curve à Constituição.

IV)

A furiosa reação contra o livro do MEC que “ensina a escrever errado”, aparentemente, foi só um factóide. Talvez um pequeno indício de esgotamento da boa vontade inicial de que os governos costumam gozar. O Nassif impreca de modo um tanto exagerado, mas a CartaCapital foi mais sóbria e, a meu ver, bem mais contundente: transcreveu exercícios do livro que, inversamente ao divulgado, cobra dos alunos reescrever frases coloquiais segundo as regras da norma culta.

Ops.

A medonha reação do Haddad também não ajuda. Repito a advertência de Robert Fisk, com um acréscimo pessoal: Deixem a porra da 2ª Guerra em paz. Em vez de desqualificar os críticos, o que Haddad tinha de fazer era, simplesmente, mostrar que o livro não “ensinava a escrever errado”. Era só mostrar o exercício mencionado acima. Quer dizer, uma revista fez o trabalho do Ministro da Educação melhor do que ele mesmo! Bola fora.

Aliás, a picuinha do Estadão contra um erro de impressão parece um bom indício de que o caso do livro “Por uma Vida Melhor” seja realmente um factóide. Tudo bem cobrar o governo por pequenos erros que geram grandes prejuízos. Mas uma chamada como “Quanto é 10 menos 7? Para livros do MEC, a resposta é 4” beira a má-fé:

 


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